segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

AS ORAÇÕES JACULATÓRIAS

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Há duas práticas muito conhecidas de todas as almas piedosas, e eu te convido meu caro Theotimo, a que te familiarizes com elas; são: primeiro a comunhão espiritual de que te falarei no capitulo seguinte, e depois o hábito de elevar a miúde o coração a Deus por aquilo que se chamam “orações jaculatórias”. É coisa certa que poucas práticas contribuem tanto como estas duas para tornar uma alma unida a Deus e habitualmente recolhida. Começa por te acostumares a ver sempre a Deus presente diante de ti, e a entreteres-te familiarmente com ele como com o melhor amigo. Abre-lhe o coração, fala-lhe de todos os teus dissabores, de tuas alegrias, de teus temores. 

Para isto não tens necessidade de  ir procurar longe: ao pé de ti o tens sempre: se trabalhas, se andas, se estás sentado, ele nem um instante te deixa; se dormes, ele coloca-se a teu lado, assenta-se de alguma sorte em teu travesseiro, para melhor velar sobre ti.

Dize-lhe muitas vezes: “Oh meu Deus! amo-vos de todo o meu coração.” Sabe aproveitar-te de tudo para elevar tua alma a esse bom Pai e te excitarás ao seu amor. Quando, por exemplo, se te oferece uma bela campina, um sítio agradável, dize: “Meu Deus, como vossas obras são belas!”, ou antes: “Senhor, as vossas obras têm tanta beleza; que deveis ser vós mesmo?!” à vista de um castelo, de um magnifico palácio, dize: “Ai!  Nestes palácios não é que ordinariamente se acha a verdadeira felicidade; essa só habita no coração dos que vos amam, ó meu Deus!” ou então: “O que são estes palácios brilhantes de ouro e pedrarias em comparação do Céu? Oh meu Deus, dai-me o vosso paraíso.” Quando diante de ti se fala de riquezas, glórias honras, dize: “Oh Deus meu! vós só me bastais; sois todo o meu bem e toda a minha glória”. Se vês um pobre pecador que ofende a Deus, dize: “Oh Jesus, tende piedade deste homem”. Em seguida tornando a ti mesmo, dize: “Ai! eu ainda faria pior, se me abandonásseis á minha fraqueza. Bendita seja a vossa misericórdia.” Quando acontece alguma desgraça, ou alguma coisa que te aflige, dize: “Meu doce Jesus, vinde tomar parte na minha dor e aliviar-me, vós bem vedes quanto sofro”. Assim também quando estás na alegria convida Nosso Senhor a vir partilhar contigo teu contentamento. 

Exemplos destes poderia eu multiplica-los até o infinito, mas se tu amas a Jesus não é preciso estar a sugerir-te o que lhe deves dizer: teu coração saberá inspirar-te. Mas é particularmente quando cometeste alguma falta que é preciso elevar o coração a Deus afim de evitar a perturbação e desassossego que só do inferno é que vem. Lança-te com toda a simplicidade aos pés de Jesus, confessa-lhe a tua falta com a mesma candura que um menino confessa à sua mãe e dize-lhe: “Eis, ó terno Mestre! ó meu melhor amigo! eis do que eu sou capaz: prometo-vos ser-vos fiel, e a cada instante vos ofendo. Ah! perdoai-me ainda esta falta, porque eu me arrependo dela e vos amo, e vinde em meu socorro afim que doravante não vos cause outro desgosto”. Depois desta curta oração conserva-te em paz como se não houveras pecado. Se cem vezes deves repetir a mesma súplica, humilha-te, conforma-te e dize sempre: “Meu Jesus, apesar de minhas quedas continuas não quero cessar de amar-vos e de ter confiança em vós; sim, sim, meu Deus, eu vos amo.”


(As chamas do amor de Jesus, ou provas do ardente amor que Jesus nos tem testemunhado na obra da nossa redenção, Abade D. Pinnard) 



Retirado
sursumcordathe.

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