quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

CENTELHAS EUCARÍSTICAS: PELOS SACERDOTES DEFUNTOS

CENTELHAS EUCARÍSTICAS
 PEQUENA COLEÇÃO
DE
Pensamentos e afetos devotos
a
JESUS SACRAMENTADO

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XX
Pelos sacerdotes defuntos
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ACOLHE, ó Jesus, a oração que se eleva do meu coração ao trono da tua misericórdia. É uma oração toda impregnada de amor, de piedade, de veneração.. Ó Jesus, eu te peço pelos teus sacerdotes defuntos! — Recorda, ó grande Deus, quanto trabalharam por ti neste mesmo templo, junto deste mesmo altar, no tribunal da penitência, no púlpito, com a voz, com o exemplo, e talvez entre prantos e dores. 

Quantas almas extraviadas reconduziram arrependidas aos teus pés! Quantas almas inocentes não salvaram! Quanta ignorância não dissiparam das almas cristãs! Quantas consolações não souberam derramar sobre corações ulcerados pelo infortúnio ou gementes sob o peso de uma cruz, tão semelhante à tua! E agora, depois de terem concluído a sua missão sacerdotal, depois de terem consumado por ti o último fio de vida, será possível que devam ainda gemer entre as chamas expiadoras do Purgatório? Tu és bom... Mas és também justo! Os teus rigores para com os Sacerdotes são medidos pela grandeza a que os devaste e pela dignidade sublime do seu caráter sagrado... Oh! Quantos que eu vi labutar por longos anos dentro deste templo, que vi subir a este mesmo altar, quantos cujo nome recordo e dos quais conservo na fantasia viva e falante a figura veneranda e grave... Quantos... Agora estão lá a sofrer, por terem exercitado menos santamente o seu angélico ministério! E como poucos se recordam deles! Quão poucos oram por aquelas pobres almas! Ah! Se ingratidão e o esquecimento pesam como chumbo sobre tantas almas trespassadas, sobre a dos sacerdotes defuntos o peso é imensamente maior e mais cruel. Pobres sacerdotes! Eles oraram sempre pelos mortos, todos os dias, em todas as missas... e porque são tão esquecidos agora que tanto necessitam de orações e sufrágios! Ó Jesus, tu que tanto os amaste, que os privilegiaste com a tua graça, que os fizeste depositários do teu Sangue e das tuas misericórdias, tu... tem piedade das suas almas! Ó Jesus, aquele Sangue adorado, que desce a todo o instante nos cálices sacerdotais, derrame-se em torrente de purificação e corra pelos cárceres daquelas pobres almas, embeleze-as de uma graça nova, cancele-lhes toda a responsabilidade e débito de pena, revista-as de uma estola branca que as faça novamente belas ao olhar puríssimo da tua justiça e do teu amor... Com todo o teu Sangue quantas almas não ganharam eles ao teu Coração! É possível que não reste uma só gota para resgatar as suas almas e mandá-las ao Paraíso para cantar eternamente o teu amor?

Os sacerdotes defuntos! Porque deixá-los ainda no Purgatório, ó caro Jesus? Não sofreram eles bastante sobre a terra? Recorda, ó Deus piedoso, os sacrifícios feitos para se dedicarem ao serviço do teu altar; recorda as lutas travadas com a sua constância para se libertarem do mundo e talvez de uma família amante e ternamente amada; recorda o que trabalharam e sofreram no santo tribunal da penitência... Estar ali dentro fechados longas horas, consumando lenta, mas inexoravelmente, as forças... E, contudo, para ganharem alguma alma resistiram à fadiga e depauperaram a saúde. Recorda o que eles fizeram para preservar da descrença e da corrupção a infância e a juventude... Recorda as vigílias passadas junto dos enfermos e dos moribundos... Recorda os Requiementoados sobre os cadáveres e peles almas dos nossos caros mortos... Recorda quantas vezes, perante a dor inconsolável dos sobreviventes, dos órfãos, das viúvas, eles com as mãos trementes e súplices, com os olhos cheios de lágrimas de emoção, apontaram para o céu, dizendo àquelas almas tristes — confortai-vos! Os vossos mortos vós os vereis de novo lá em cima... — E aquele céu mostrado à esperança dos fiéis, permanecerá fechado à esperança dos sacerdotes defuntos?

Recorda como foram maltratados pela ingratidão e malvadez humana, e como o mundo os cobriu de vitupério e de lama, só porque se mostravam fiéis ao teu amor e às almas que tu resgataste. Oh! Como foi amargurado o seu ministério santo! Eles oravam, e recebiam imprecações:eles amavam, e eram odiados; eles beneficiavam, e eram espoliados; eles defendiam o fraco, e eram oprimidos pelo forte; eles repartiam com o pobre o seu escasso pão, e outros embebiam em fel o bocado que restavaà sua fome; eles afadigavam-se para dar às almas a vida, e o mundo perseguia-os com o grito de morte... E todos estes tormentos não bastaram para purificá-los de toda a culpa, antes de morrerem? Ó Jesus, Tu que sentias tanta pena pelos desventurados, Tu que tantas vezes empregaste a omnipotência divina para aliviar os padecentes... Ó Jesus, pensa nos teus sacerdotes defuntos amargurados no Purgatório de dores inefáveis, tem piedade daquelas almas angustiadas... Eles foram um dia senhores de toda a Tua pessoa — Corpo, Sangue, Alma, Divindade —,... e agora não são senhores de nada?... Nem mesmo duma Tua palavra de perdão?

Eu te ofereço, ó Jesus, por aquelas almas benditas, a tua mesma Paixão e Morte. Ofereço-te o teu Sangue, ofereço-te aquela Hóstia irradiante entre as luzes do altar e sepultada entre as trevas do Tabernáculo. Ofereço-te ainda as minhas pobres orações, as Missas que ouço, as comunhões que faço, as minhas mortificações voluntárias, as penitências com que me aflige a tua mão de juiz e de pai. De um modo especial ofereço-te os meus poucos merecimentos, as minhas pobres orações, unidas às orações da Igreja Católica, pelas almas daqueles sacerdotes, que foram os verdadeiros benfeitores da minha alma e do meu coração. Miserere — tem piedade, ó bom Jesus, daquele sacerdote que derramou sobre a minha fronte a água batismal, daquele que me ensinou as primeiras verdades da fé, que pela primeira vez me fez pronunciar o teu santo nome e me falou do teu amor. Miserere— tem piedade daquele sacerdote que foi o primeiro confidente da minha consciência; daquele que me preparou para a primeira comunhão; daquele que me guiou a minha juventude pelo caminho da virtude e do bem. Miserere — tem piedade daquele sacerdote que assistiu aos meus parentes na hora tremenda da agonia e da morte e levou uma palavra de conforto e de esperança à minha família ferida pela desventura. Miserere— tem piedade daquele sacerdote que eu contristei mais de uma vez com as minhas repugnâncias à virtude e com a minha revolta aos seus conselhos paternais. Miserere— tem piedade de todos aqueles a quem prometi orações de sufrágio e que, depois do trespasse, indignamente esqueci. Ó Jesus, caro Jesus, tu que me lês no coração e na consciência, tu sabes quais são os meus deveres e quais os meus desejos; sabes por quem devo e por quem quero orar. Do trono eucarístico da tua misericórdia acolhe piedoso a voz enternecida da minha piedade, ouve a minha afetuosa oração, e chama depressa, a formarem-te uma coroa no Paraíso, as almas daqueles sacerdotes, que um dia chamaste a formarem-te uma coroa junto dos Tabernáculos santos.

terça-feira, 30 de janeiro de 2018

CENTELHAS EUCARÍSTICAS: Dentro em breve

CENTELHAS EUCARÍSTICAS
 PEQUENA COLEÇÃO
DE
Pensamentos e afetos devotos
a
JESUS SACRAMENTADO


XIX
Dentro em breve
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PARECE, realmente, que eu tenho encontrado o modo de amargurar todas as minhas alegrias, ainda as mais legítimas e santas. Poderia gozar em paz horas tranquilas, dias inteiros mesmo; e, afinal, vou-me angustiando com temores verdadeiramente estranhos.

Porque, dentro em breve, por estes dias próximos, terei de executar um certo trabalho que me repugna; porque terei hoje mesmo de suportar uma fadiga algum tanto grave, de superar uma dificuldade insólita, de fazer um certo sacrifício — eis que já perco a paz do coração! Imagino que me virá cair sobre os ombros um peso enorme que me esmague, e com a fantasia avolumo as coisas por forma a fazer de um grão de areia uma grande montanha. Vejo-me desde já empenhada em uma luta superior às minhas forças, constrangida a suportar um peso imane, condenada a uma imolação injusta: e tudo isto com uma certa persuasão de que sou uma vítima inocente... E, no entanto, foge-me a paz do espírito, o coração vê-se apertado como que dentro duma tenaz, tudo se me torna pesado, todas as minhas alegrias, que não me faltariam, dissipam: e com as apreensões do futuro... As minhas orações— já se deixa ver — são prejudicadas por mil distrações, e o mesmo acontece com a leitura espiritual e a meditação... A própria Comunhão, sabe Jesus com que fervor eu a faço... Fico como que suspensa, abstrata, inerte, indecisa, à maneira de quem, sentindo rumorejar-lhe sobre a cabeça uma tempestade ameaçadora, e não podendo fugir-lhe, fica para ali à espera que se rompam as nuvens, ribombe o trovão e fuzilem os raios.

Mas, afinal, o que é que me incute tão grande temor e tanto me conturba? Onde está essa fadiga e esse sacrifício? Não serão os mesmos que eu já suportei tantas vezes? Então, também me pareciam ao princípio uma montanha, mas, uma vez superados, vi que não passavam de uma névoa que em breve se dissipa. Depois, chamei-me a mim mesma uma louca por ter temido tanto e fiz o propósito de me corrigir de futuro... E agora faço o mesmo...

E quando soará a hora desse sacrifício?... Quando? Oh! Como eu sou pequenina de entendimento e mesquinha de coração! Deverão passar ainda muitos dias e semanas, e eu começo já a angustiar-me? Não seria melhor empregar este intervalo de tempo em premunir-me contra o meu receio presente e as dificuldades futuras por meio da oração, da meditação adaptadas ao meu caso, e com o exercício de um pouco mais de confiança em Jesus? Eu sei tudo isto, percebo tudo muito bem: mas é isto exatamente que eu me esqueço de fazer.

Pobre de mim! Sou feita mesmo assim... Mas sou assim também por culpa minha. Tenho Jesus todo à minha disposição, e não o procuro. Ele poderia, com um só movimento de graça, dar-me força e vontade de fazer cem vezes mais daquilo, que deverei fazer dentro em breve, e de que tanto me arreceio: e nem penso nesta graça, não a espero, não a procuro. Ah! Se eu tivesse um pouquinho, que fosse, de confiança em Jesus, não sentiria certas agitações e receios.

Ainda bem que este amor próprio, estas misérias internas não as digo a ninguém: de contrário, que diriam de mim certas pessoas que ainda me julgam alguma coisa? Se soubessem que me amedronto com tão pouco! Se suspeitassem que em certos momentos me sinto quase arrependida do estado que abracei, só porque me impõe certos sacrifícios! Que quase invejo os mundanos, porque vivem sem certos aborrecimentos!

O certo é que, seja qual for a disposição do meu coração, dentro em breve deverei absolutamente suportar aquela fadiga e fazer aquele sacrifício... Portanto? Portanto tenhamos juízo, e entendamo-nos com Jesus.

Eis-me aqui, ó Jesus, com a alma meio convulsionada: a razão sabe-la tu e tu somente lhe podes dar remédio. Tu deste aos mártires a força maravilhosa de suportar o cárcere, os flagelos, as carnificinas, e tudo eles sofreram alegremente, com o vulto sereno e a alegria no coração... Porque não me dás a mim também um pouco daquela força? Bem pouca me basta, porque entre mim e os mártires interpõe-se um abismo... E, tratando-se de tão pouco, não me lo darás?

Como! Ouso quase confrontar-me com os mártires?... Ó Jesus, tem compaixão da minha puerilidade... Eu não te peço graças extraordinárias... Contento-me com uma só, muito simples, de todos os dias... Com uma Comunhão bem feita! Ó Jesus, faze-me a graça de te receber bem hoje e sempre... Isso me basta: as fadigas, as violências, os sacrifícios já não me causarão medo; não, não me causarão mais medo.

Quando eu tiver Jesus em mim, terei aquela Carne que se afadigou e suou na oficina de Nazaré, que provou o cansaço das viagens e das vigílias, as prostrações e os esgotamentos do jejum e da fome, e o tormento da sede; terei em mim aquele Sangue que Ele sentiu referver-lhe nas veias perante a hipocrisia dos Fariseus, debaixo das calúnias de acusadores infames e juízes iníquos, e que soube temperar nos seus ardores com uma paciência divina, e derramar até a última gota sobre uma cruz infamante; terei em mim aquela Alma que, depois de ter passado pela via espinhosa e difícil das mais sublimes virtudes, agonizou, sem um só lamento, no Getsêmani, e expirou sobre a cruz, depois de ter dirigido ao Pai a última súplica de perdão pelos cruxifixores; terei em mim aquela Divindade... A Divindade de Jesus em mim?... E, compenetrada, investida, vivificada pela Divindade, terei eu ainda receio em sorver o amargo do fel do meu cálice? De suportar a convivência com aquela pessoa antipática, de renegar a minha vontade? De consumir um pouco das minhas forças no serviço de Deus e do próximo? De apanhar mesmo uma doença para cumprir o meu dever?... Mas não eram todas estas coisas, e outras mais graves ainda, que mantinham alegres os Santos? Não são todas estas coisas o fruto de uma comunhão bem feita?

Portanto, por que em vez de atender à força admirável que Jesus confere a quem confia n'Ele, atendo mais depressa às dificuldades que me esperam? Porque me aflijo e melancolizo sem razão e sem vantagem, em vez de preparar-me a fazer um pouco melhor as minhas comunhões?

Basta; se penso muito acabo por me envergonhar de mim mesma. É preciso tomar uma resolução, e a resolução é esta: 1.°, avivar a minha fé na Eucaristia, que é o pão dos fortes; 2.°, avivar a minha esperança em Jesus, que sempre ajuda quem n'Ele confia; 3.°, avivar a minha caridade,com o propósito de suportar alegremente por amor de Jesus qualquer fadiga ou sacrifício.

Ó Jesus, mil graças pela santa inspiração que me mandaste! Agora já não temo nada, e afrontarei tranquilamente o futuro, ciente de que, em qualquer trabalho que me sobrevenha, eu serei por ti confortada e repousarei sobre o teu Coração.

segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

CENTELHAS EUCARÍSTICAS: Recordações

CENTELHAS EUCARÍSTICAS
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JESUS SACRAMENTADO

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XVIII
Recordações
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SE não tivesse mil razões para fazer companhia a Jesus, bastar-me-ia só esta — a das recordações que me desperta o lugar em que Ele está.

O templo... Quantas coisas me diz! Aqui vim eu em criancinha fazer a primeira comunhão... Como era boa naquele dia! Quanto me sentia feliz! Recordo quem me acompanhava, quem estava ao meu lado; parece-me ver aquelas almas boas... Para onde foram elas? Ah! Estão bem longe de mim! O campo santo arrebatou-as ao meu coração... Mas Jesus ninguém mo arrebatou: Ele está sempre aqui, no mesmo Tabernáculo de então, iluminado pela mesma luz, honrado com os mesmos cânticos... Nenhuma mudança se operou... Somente eu não sou tão boa como antes. Ah! Se eu pudesse reaver a inocência daquele dia!... Ó meu Jesus, Tu bem vês, dá-me vontade de chorar...

Não posso circunvagar os olhos por esta igreja, sem pensar... Sem recordar... Aqui vi eu durante longos anos tantas almas a tratar com Jesus os interesses eternos... E agora cederam-me o seu lugar. Elas oravam tão bem, e eu oro tão mal! Elas vinham aqui a... Fazer o quê? Que faziam elas à Mesa eucarística?... No Tribunal da penitência?... Assentadas ali naqueles bancos, durante as sagradas funções e as prédicas? Ah! Agora compreendo melhor que então: faziam-se santas. E eu, se tivesse herdado aquela piedade, quanto poderia aproveitar, estando aqui! Como saberiaorar com fervor! como saberia sofrer resignada! Como saberia sorrir olhando para o Céu... Em vez disso, Tu bem vês, ó Jesus, que eu façoaqui... perco o tempo em distrações.

Aqui tantas vezes ouvi entoar o Requiemou sobre um esquife ou sobre um cadafalso... Faziam-se as exéquias de gente conhecida e que eu amei... Orei um pouco por eles... Derramei também alguma lágrima... Ai de mim! As recordações confundem-se com as previsões... Também meu corpo será transportado aqui um dia... E Tu, ó Jesus, que coisa provarás no coração quando vires tua pobre criatura reduzida a um cadáver? Chorarás como choraste sobre tumba de Lázaro?... Sem dúvida também eu desejei ser-te sempre amiga... Caro Jesus! Se não na morte, ao menos no dia de Juízo, faze-me ouvir o Teu veni foras... Porque também nesse momento, e sobretudo então, eu desejarei abraçar-me ao Teu Coração e estar sempre contigo.

domingo, 28 de janeiro de 2018

DOMINGO DA SEPTUAGÉSIMA: A PARÁBOLA DOS OPERÁRIOS E A RECOMPENSA DIVINA

Voca operarios et redde illis mercedem, incipiens a novissimis usque ad primus — “Chama os operários e paga-lhes o jornal, a começar dos últimos até os primeiros” (Matth. 20, 8).
Sumário. A vinha do Senhor são as nossas almas; e Jesus Cristo, que é o grande Pai de família, nos chama em qualquer hora do dia e da maneira mais variada, para as cultivarmos. Irmão meu, examina-te sobre como até agora respondeste à voz de Deus. Se achares que foste negligente, recupera os anos perdidos, trabalhando com zelo dobrado, pensando que Deus mede a recompensa de seus servos, não tanto pelo tempo durante o qual, mas pelo modo como foi servido.
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I. “O reino dos Céus” diz Jesus Cristo, “é semelhante a um pai de família que ao romper da manhã saiu a contratar operários para a sua vinha. E, feito com eles o ajuste de um dinheiro por dia, mandou-os para a sua vinha. E, saindo perto da hora terceira, viu que estavam outros na praça ociosos, e disse-lhes: Ide vós também para a minha vinha, e dar-vos-ei o que for justo. E eles foram. Saiu novamente perto da sexta e da nona hora, e fez o mesmo. E quase à undécima hora saiu ainda e achou outros que lá estavam, e lhes disse: Porque estais aqui todo o dia ociosos? Eles responderam: Porque ninguém nos assalariou. Ele lhes disse: Ide vós também para a minha vinha: Ite et vos in vineam meam.
Consideremos a significação desta parábola. A vinha do Senhor são as nossas almas. Jesus Cristo, o pai de família, depois de as ter resgatado da escravidão do demônio com o preço de seu divino sangue, no-las deu com o fim de as cultivarmos, por meio das boas obras, para poderem um dia ser admitidas na glória eterna, à qual nos convida continuamente. — Vocati nos undique Deus, diz São Gregório. O Senhor nos chama da maneira mais variada; chama-nos por meio dos anjos da guarda e por meio dos seus ministros, e chama-nos ainda hoje pela presente meditação.
Coisa estranha, porém! Deus nada tem poupado e nada poupa para a salvação das nossas almas, e os cristãos, que crêem tudo isso pela fé, vivem como se não cressem. Mas põem toda a sua atenção nos negócios da terra, e na alma nem sequer pensam, como se o negócio da salvação da alma não fosse o mais importante de todos. Ó infelizes! bem reconhecerão a sua loucura quando não houver mais tempo para a remediar. Perdida a alma uma vez, perdeu-se para sempre.
II. No fim da tarde, assim continua o Evangelho, “o senhor da vinha disse ao seu mordomo: Chama os operários, e paga-lhes o jornal, a começar dos últimos até os primeiros.” Assim se fez, sendo preferidos os operários que vieram em último lugar, aos que vieram primeiro e trabalharam mais tempo. — Com isso o Senhor nos quer dar a entender que na recompensa a dar a seus servos não olha para o tempo ou anos, mas tão somente para a diligência com que o serviram. Daí é que freqüentes vezes os que foram os primeiros no serviço de Deus, ficam sendo os últimos, e que os últimos ficam sendo os primeiros.
Animemo-nos, meu irmão, e se no passado temos sido negligentes no cultivo da vinha que o Senhor nos confiou, redimamos o tempo perdido servindo a Deus com dobrado fervor: Tempus redimentes, exhorta-nos São Paulo, quoniam dies mali sunt — “Recobrando o tempo, porque os dias são maus” (1). Imitemos este Apóstolo, que, como observa São Jerônimo, embora fosse o último no apostolado, foi contudo o primeiro em merecimento, porque trabalhou mais do que os outros.
Ó meu Redentor, não quero mais perder o tempo que me concedeis em vossa misericórdia. Quero empregá-lo em chorar as ofensas que Vos fiz, a servir-Vos com fervor dobrado, a fim de Vos desagravar de minhas ingratidões. Jesus meu, perdoai-me, já que estou resolvido a Vos amar de hoje em diante sobre todas as coisas, e a perder antes tudo, mesmo a vida, do que a vossa amizade. Ajudai-me, Senhor; para que esta minha resolução não tenha a sorte dos meus propósitos anteriores, que não foram senão perfeitas traições. Deixai-me antes morrer, do que tornar a ofender-Vos e perder o vosso amor. — E Vós, ó Eterno pai, “ouvi clemente as minhas preces, a fim de que, sendo justamente punido por meus pecados, deles me livreis piedoso, para glória do vosso nome” (2). Fazei-o pelo amor de Jesus Cristo, vosso Filho, e de minha amada mãe Maria.
  1. Eph. 5, 16.
    2. Or. Dom. curr.
Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo I – Santo Afonso

DOMINGO DA SEPTUAGÉSIMA

PAX
No Evangelho de hoje, Nosso Senhor nos resume em poucas palavras o mistério da história do mundo desde Adão e Eva até o último predestinado, que nascerá antes do fim do mundo, quando Nosso Senhor virá julgar os vivos e os mortos. Ao mesmo tempo que Nosso Senhor nos fala da história do mundo, Ele nos descreve também a vida de cada um de nós. O Reino dos Céus é semelhante a um pai de família que saiu ao romper da manhã para contratar operários para a sua vinha. O pai de família é Deus, pois Deus é o pai de toda a criação e criou todas as coisas.
Ele é pai, sobretudo pela graça, ou seja, Ele é pai dos que recebem e perseveram na graça recebida no dia de seu Batismo, que morrem na graça divina, entram na bem-aventurada eternidade e gozam da visão beatífica, tendo passado, se necessário, pelo Purgatório para pagar o que restava de pecado em suas almas.
O pai de família é, pois, Deus. O romper do dia é o início do mundo. É o tempo que vai de Adão a Noé. E Ele sai para contratar operários para a sua vinha. A vinha é a Igreja. Deus faz tudo para sua vinha, que é a Igreja, cujos membros vão de Abel, o primeiro justo a deixar este mundo, até o último que entrará no céu. A Igreja, embora fundada por Nosso Senhor, encerra também todos os santos do Antigo Testamento.
Tendo combinado com alguns o trabalho por um denário, Ele os mandou para a vinha. Denário vem de dez. Dez são os mandamentos. Nas moedas antigas cunhava-se a imagem dos reis. Os dez mandamentos são a imagem de nosso Rei e nosso Deus. Quem as observa traz em si mesmo a imagem e semelhança de Deus, pois Deus nos criou à sua imagem e semelhança.
Ele contrata os operários para trabalharem na vinha, logo, ele os contrata como empregados, como mercenários. Ora, o mercenário, o empregado, deve trabalhar naquilo que não é dele, mas do patrão. A Igreja não é daquele que trabalha nela. Ela é de Deus. Logo, quem aí trabalha não deve trabalhar para si mesmo, mas para Aquele que o contratou.
Seja o que for que nós façamos, façamos tudo para a glória de Deus e não para a nossa. Que em tudo Deus seja glorificado, nos diz São Bento na Regra. “Não a nós, não a nós mas ao vosso nome dai glória”, diz o salmo. A pureza de intenção, ou seja, a intenção de trabalhar para Deus e não para si é a condição exigida pelo pai de família para que se receba a recompensa. Judas trabalhou para si, pois era ladrão, diz São João no seu Evangelho: “Judas guardava o dinheiro para si e não para a Igreja”. Antes dele, Caim trabalhou para si e não para Deus. Por isso Caim matou Abel.
Todas as vezes em que abandonamos os interesses de Deus para fazer não o que Deus quer, mas o que nós queremos, nós traímos a confiança do Pai de família, traímos o contrato, não somos fiéis às promessas de nosso Batismo. Esta traição, este pecado, pode ser visível aos olhos dos homens, como o pecado de Caim que matou Abel; mas ele pode também ser oculto aos olhos dos homens, como um mau pensamento plenamente consentido, um ódio guardado no coração, ou, o que é ainda pior, um pecado que recebe o aplauso dos outros homens, como hoje em dia o pecado do modernismo, da liberdade religiosa, os pecados contra a fé, dos que destroem a Igreja Católica com ares de quem faz o bem e por isso recebem os aplausos do mundo, como os recebe o papa Francisco.
É também o pecado dos que escrevem livros para promover o divórcio, o aborto, a eutanásia. É o pecado que se comete na sala de espera dos hospitais, onde preservativos são postos à disposição de todos gratuitamente. Aqui tivemos uma cena chocante no domingo retrasado. Não se iludam. Muito mais grave do que um surto de um doente é o pecado feito conscientemente, educadamente, legalmente, como são as bancas de jornal de Friburgo e as reuniões da Maçonaria e do Rotary Club. Esta cidade de Nova Friburgo já foi punida uma vez. Ela o será novamente e o mundo inteiro com ela, pois ela resiste a Deus e infringe seus mandamentos todos os dias. Mas prossigamos.
Saindo à Terceira Hora, viu outros que estavam ociosos na praça.” A Hora Terça é o tempo que vai de Noé a Abraão. Mas é o tempo também em que, deixando a infância, o adolescente começa a receber a luz da inteligência. A Hora Terça, entre os romanos, correspondia às nove horas da manhã, hora em que o sol começa a dardejar a terra com seus raios, e hora em que a inteligência, que é o sol de nossa alma, começa a iluminá-la. Não deixemos nossa inteligência perecer na ignorância das coisas de Deus. Não deixemos nossa inteligência se atrofiar nos jogos eletrônicos, abandonando as luzes mais nobres da verdadeira literatura e, sobretudo, da fé, que é uma luz infinitamente superior.
Aos quinze anos, Santa Terezinha já compreendia profundamente os mistérios da Comunhão dos Santos, da vida consagrada, do valor da mortificação, sabia de cor a Imitação de Cristo e tinha bastante maturidade para pedir ao Papa Leão XIII sua entrada antecipada no Carmelo.
E o que diz o Pai de família a estes da Hora Terça? Ele diz a estes que estavam na praça ociosos: “Ide também para minha vinha e eu vos darei o que for justo”. Eles estavam na praça porque na praça ou no fórum, como diz o texto latino, compra-se, vende-se e fazem-se processos.
Eles estavam, pois, ocupados com as coisas deste mundo e nada tinham feito por Deus e pelas almas. Por isso, Deus diz que eles estavam ociosos. Ociosos porque haviam passado parte de suas vidas não fazendo nada de útil para a salvação de suas almas, nada para a glória da Santa Igreja. Assim estava Santo Inácio de Loyola até sua conversão. Assim estava São Mateus até ser chamado por Nosso Senhor para ser discípulo. Assim estava Gustavo Corção até ser tocado pela graça e ter retornado à fé de seu Batismo. Assim estava Santo Agostinho até os vinte e oito anos de idade, quando se converteu por causa das orações e lágrimas de sua mãe.
Saiu outra vez o Pai de família na Hora Sexta e na Hora Noa. A Hora Sexta corresponde ao meio-dia e a Hora Noa às três horas da tarde. Nas idades do mundo, a Hora Sexta corresponde ao tempo que vai de Abraão a Davi e a Hora Noa, o tempo que vai de Davi a Nosso Senhor.
Comparando com a vida de um homem, a Hora Sexta é a idade adulta em que os raios da inteligência são mais fortes. A Hora Noa, a velhice.
Estas duas horas são postas juntas pois as idades são, no fundo, as mesmas. Dom Lefebvre foi missionário na idade adulta e não deixou de sê-lo na velhice. Uma velhice saudável permite prolongar o que se fazia na idade adulta e a inteligência dos anciãos não fica atrás das dos homens adultos. Muito pelo contrário: muitos deram o melhor de si mesmos quando já estavam em idade avançada, como São Pio X, Pio IX, Dom Lefebvre, Dom Antônio de Castro Mayer, Gustavo Corção e, como pensamos e esperamos, Dom Williamson e Dom Faure.
Por falar em Dom Williamson, se Deus quiser, ele virá este ano para confirmar os Santos Óleos e administrar a Crisma. Todos os que têm filhos, parentes ou amigos para crismar entrem em contato comigo. É necessário estudar o Catecismo de São Pio X na parte do Credo e na parte dos Sacramentos, e devem fazer uma prova para se avaliar seus conhecimentos antes de ser administrada a Crisma.
O melhor é saber todo o catecismo, mas quem souber bem estas duas partes poderá receber a Crisma. Às crianças será pedido menos, basta um conhecimento proporcional às suas capacidades, praticamente o mesmo que para a Primeira Comunhão mais algo sobre a Crisma. Se a criança já tem muita capacidade, deve aqui dar mais.
Por fim, o Pai de família sai à Undécima hora, que corresponde ao tempo que vai de Nosso Senhor ao fim do mundo. E Ele lhes diz: “— Por que ficaste aqui ocioso o dia todo?” E eles respondem: “Porque ninguém nos contratou”. Esta era a condição dos pagãos, dos gentios, ou seja, dos não judeus, quando Nosso Senhor veio ao mundo.
Mas Nosso Senhor vai enviar os seus apóstolos até as extremidades da terra, chamando a todos para entrarem na Santa Igreja Católica. A Igreja é essencialmente apostólica e ela chama as almas em toda parte. “Ide vós também para a minha vinha”. Estes são também os que se convertem na última hora de suas vidas, como São Dimas, ou como algum ancião que por misericórdia divina se converte e morre quando já não se esperava mais tal conversão.
Caindo já a tarde, Ele chama os trabalhadores e paga-lhes a diária. Diária porque mil anos é para Deus como o dia de ontem que já passou. Nossa vida passa num piscar de olhos, e mortos em breve, caríssimos irmãos, nós estaremos diante de Nosso Juiz e Salvador.
Façamos agora o que nos pode ser útil neste momento decisivo que fixará nossa eternidade. E o pai de família dará a cada um a paga de um denário que representa a vida eterna. Se possível fosse, os próprios eleitos murmurariam. Os patriarcas que viveram novecentos anos murmurariam ao ver São Domingos Sávio entrar na glória aos quinze anos. Trabalhar novecentos anos e trabalhar quinze: a recompensa será a mesma vida eterna. Para Deus, o que conta é a caridade. É o amor de Deus. Seu tempo foi curto, mas ele percorreu uma longa distância, diz a Escritura.
Percorramos um longo caminho também. Pelo Santo Caminho demos passos de gigante e assim seremos os primeiros, mesmo tendo vindo por último. Eis a graça que desejo a todos, pela intercessão do Imaculado Coração de Maria. Assim seja.
Dom Tomás de Aquino
Retirado: beneditinos.org.br

CENTELHAS EUCARÍSTICAS: Tenho medo

CENTELHAS EUCARÍSTICAS
 PEQUENA COLEÇÃO
DE
Pensamentos e afetos devotos
a
JESUS SACRAMENTADO

XVII
Tenho medo
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TENHO visto mais de um a morrer... Às vezes encontram-se motivos de consolação; mas quantas vezes o nosso espírito fica aterrado! Ao ver a resignação, que em muitos acompanha os espasmos da agonia, o coração enternece-se e sente-se inveja daqueles moribundos; ao assistir aos últimos arrancos da morte, sente-se o peito oprimido de terror. Como suportar sem um lamento e uma impaciência os tormentos da última hora?

Não se pode escapar aos horrores da morte: ou ser-se colhido de improviso — morte de que Deus nos defenda — ou morrer-se lentamente... E então quantos sofrimentos! Chega-se a um ponto em que não há um só membro que não sofra, em que da cabeça aos pés se é atormentado, como... Tantos e tantos que tenho visto.

Agora as minhas enfermidades são limitadas e posso suavizar-lhes a amargura de mil maneiras. Mas então já não haverá nenhum remédio, e todo o esforço dos médicos será dirigido a prolongar-me os martírios por mais algum tempo... Impedir-me-ão por algumas horas de morrer, mas não de sofrer. E eu que sinto tremer e gelar-se-me o coração ao ver os outros nas ânsias da morte, que será quando me vir eu mesma nos estertores da agonia? Quando sentir meus lábios secos e a língua enregelada? Quando com o peito oprimido me faltar a respiração? Quando os meus membros forem sacudidos pelas garras da morte? Quando... Ah! Que farei eu então?

Que sentirei no coração quando chegar a hora da Extrema-Unção? Quando começarem a recitar o ProficiscereQuando os entes caros, longe de me dizerem que hei de vencer a doença, começarem a infundir-me coragem e resignação, a falar-me nos gozos do Céu, no Paraíso?... Mas estas palavras, conquanto consoladoras, não serão para mim um puro e simples sinônimo de morrer?... E como estarei eu disposta a deixar tudo e partir para o mundo de além?

Se penso seriamente em todas estas coisas, sinto-me realmente apavorada. Contudo, ou amedrontada ou tranquila, a minha última hora chegará... E, então, quem me ajudará? Não é mister pensar muito para responder: o único que nesse momento me poderá prestar auxílio é Jesus. Se Ele me falta, falta-me tudo, e eu ficarei só com as minhas dores e os meus receios.

Mas Jesus não me faltará... Tenho visto que nunca faltou a ninguém. Ao contrário, tem-se aproximado daqueles que sempre o têm odiado, com a esperança de os salvar. E não o terei eu, então, junto de mim, tendo-lhe sempre querido tanto bem? E, tendo então perto de mim o meu Jesus, poderão as minhas últimas horas ser assim tão más? Espero que não.

Terei, portanto, pungentes dores por todo o meu corpo; mas Jesus se mostrará à minha fé, ou preso à coluna e flagelado, ou pendente do madeiro da Cruz, e me dará um pouco daquela resignação, que tinha Ele mesmo entre tão cruciantes tormentos. Sentirei angústias no coração e a vista da eternidade me causará um terror pânico, mas Jesus saberá dizer-me alguma daquelas palavras, que fazem sorrir os moribundos e lhes arrancam lágrimas de consolação. Experimentarei talvez certos temores, mas Jesus que tem acalmado tantos, acalmará também os meus.

Afinal, eu pergunto a mim mesma: é possível que Jesus me abandone, quando eu estiver para morrer, tendo-lhe eu sempre pedido a graça de expirar entre os seus braços, e tendo experimentado tantas vezes na vida as doçuras da sua caridade? Ter-me-á concedido todas estas doçuras para me enganar? Oh! Não! O dizê-lo seria uma blasfêmia, e eu nem mesmo o quero pensar...

É possível, pois, que Jesus me abandone e me deixe só a lutar com os tormentos da morte? Ó Jesus, com o Coração que tens será isto possível? É possível que esteja eu a sofrer e o Teu Coração fique insensível no Tabernáculo e não corra a confortar-me?... Todos os dias a Comunhão, e na hora da morte a separação... Será possível, ó Jesus? Agora tantas esperanças e depois um enorme desengano... Será possível, ó Jesus? Agora dizer cem e mil vezes ao dia meu Jesuse dever então concluir que tu já não serás meu... Ó Jesus, será possível?

Eu não arredarei um só passo do caminho da minha esperança. Crerei sempre, esperarei sempre, e direi sempre que jamais serei abandonada por ti, nem agora, nem depois. Desde já considero como feita essa graça de ser ajudada por ti em todas as minhas necessidades, de ser assistida pessoalmente por ti, de exalar o último suspiro sobre teu Coração e de morrer, como tenho visto tantos outros... Com o teu nome sobre os meus lábios, com o teu amor dentro do meu coração, com o teu Paraíso seguro entre as minhas mãos.

sábado, 27 de janeiro de 2018

CENTELHAS EUCARÍSTICAS: O Coração de Jesus

CENTELHAS EUCARÍSTICAS
 PEQUENA COLEÇÃO
DE
Pensamentos e afetos devotos
a
JESUS SACRAMENTADO


XVI
O Coração de Jesus
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TODAS as almas cristãs o conhecem... Ao menos de nome; mas quantas o conhecem como ele é em si mesmo? Se fosse bem conhecido, seria mais vivo e potente, e desapareceriam de vez certos receios que, de cristãos, só têm uma leve aparência.

Jesus, ao apresentá-lo à Beata Margarida, disse estas palavras: — «eis o Coração que tanto amou os homens.» — Palavras que deviam ser recordadas por todos, quando se lê o Evangelho, quando se meditam os novíssimos, quando se teme a justiça divina, sempre e em toda a parte.

Portanto, se por desgraça uma alma caiu numa culpa grave, não tarde em recorrer ao tribunal da penitência, mas pensando sempre naquele Coração, que tanto ama os homens.

Se uma alma fica aterrada com a idéia de apresentar-se ao tribunal divino e quase desespera de ter uma sentença de misericórdia, pense que Cristo Juiz tem um Coração, que ama tanto os homens.

Se te assalta o temor de ter uma morte improvisa, pensa que o Coração de Jesus ama tanto os homens.

Se te vêem à memória as ingratidões com que ultrajaste a bondade divina, recorda também que o Coração de Jesus ama tanto os homens.

Se nos assalta a desconfiança na misericórdia de Deus e na sua graça, e a conversão e perseverança no bem nos parece impossível, lembremo-nos que o Coração de Jesus ama tanto os homens.

Se... Mas basta. A devoção ao Coração de Jesus não deve consistir somente em recitar coroinhas em sua honra, mas também e sobretudo em crer no seu infinito amor pelos homens. Oh! Se a alma cristã se dispusesse todos os dias a meditar, durante meia hora, esta verdade — oCoração de Jesus ama-me tanto... Tanto — como desapareceriam certos receios absurdos e enervantes... Quantos e novos arrebatamentos não os substituiriam... Como se caminharia pela estrada da virtude a passos de gigante!

Assim como qualquer ensinamento contra o Evangelho deve repudiar-se como uma heresia, assim também toda a máxima, todo o pensamento, toda a doutrina que se oponha às palavras de Jesus — eis o Coração que tanto tem amado os homens — deve condenar-se como ruinosa à piedade crista.

Não é impunemente que os jansenistas, velhos e novos, fizeram e fazem uma guerra surda e implacável à devoção do Sagrado Coração; bem sabem os infelizes que, uma vez conhecido o Coração de Jesus, é impossível não amá-lo, e amando o é impossível não se salvar.

sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

PROMESSAS, BENEFÍCIOS E BENÇÃOS DO ROSÁRIO

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(Dado a São Domingos e Alan Bendito pela Virgem
1. A quem me sirva, rezando diariamente meu Rosário, receberá qualquer graça que me peça.
2. Prometo minha especialíssima proteção e grandes benefícios aos que devotamente rezem meu Rosário.
3. O Rosário será um fortíssimo escudo de defesa contra o inferno, destruirá os vícios, livrará dos pecados e exterminará as heresias.
4. O Rosário fará germinar as virtudes este também fará que seus devotos obtenham tudo da misericórdia divina; substituirá no coração dos homens o amor do mundo pelo amor por Deus e os elevará a desejar as coisas celestiais e eternas.
Quantas almas por este meio se santificarão !.
5. A alma que se encomende pelo Rosário não perecerão.
6. Aquele que com devoção rezar meu Rosário, considerando os mistérios, não se verá oprimido pela desgraça, nem morrerá morte desgraçada; se converterá, se é pecador; perseverará nas graças, se é justo, e em todo caso será admitido na vida eterna.
7. Os verdadeiros devotos de meu Rosário não morrerão sem auxílios da Igreja.
8. Quero que todos os devotos de meu Rosário tenha em vida e em morte a luz e a plenitude da graça, e sejam participantes dos méritos dos bem-aventurados.
9. Livrarei de pronto do purgatório as almas devotas do Rosário.
10. Os Filhos verdadeiros de meu Rosário desfrutarão no Céu uma Glória singular.
11. Todo o que se pedir por meio do Rosário se alcançará prontamente.
12. Socorrerei em todas as suas necessidades aos que propaguem meu Rosário.
13. Todos os que rezarem o Rosário terão por irmãos na vida e na morte a os bem-aventurados do Céu.
14. Os que rezam meu Rosário são todos filhos meus muito amados e irmãos de meu Unigênito Jesus.
15. A devoção ao Santo Rosário é um sinal de predestinação a Glória.


Benefícios do Rosário


  1. Ele gradualmente nos dá um conhecimento perfeito de Jesus Cristo.
  2. Ele purifica a alma, lava o pecado.
  3. Nos dá a vitória sobre todos os nossos inimigos.
  4. Torna mais fácil para nós praticar a virtude.
  5. Ele nos coloca no fogo com o amor de Nosso Senhor.
  6. Ela enriquece-nos de graças e méritos.
  7. Ele nos fornece o que é necessário para pagar todos os nossos débitos a Deus e aos nossos semelhantes e, finalmente, ele obtém todos os tipos de graças para nós, por Deus Todo-Poderoso.

Bênçãos do Rosário

  1. Os pecadores são perdoados.
  2. Almas que tem sede são saciadas.
  3. Aqueles que estão acorrentados têm seus laços quebrados.
  4. Aqueles que choram encontrarão a felicidade.
  5. Aqueles que são tentados encontrarão paz.
  6. Os pobres encontrarão ajuda.
  7. Os religiosos são reformados.
  8. Aqueles que são ignorantes serão instruídos.
  9. Os vivos triunfam sobre a vaidade.
  10. Os mortos (as Santas Almas) têm suas dores atenuadas pelos sufrágios.



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